O Serviço Especializado de Atendimento Domiciliar (SEAD) de Vitória/ES e as contribuições da Terapia Ocupacional
O
Serviço Especializado de Atendimento
Domiciliar (SEAD) no município de Vitória/ES, implantado em 2012 pela
Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), é ofertado pelo Centro de
Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, com objetivo de
proporcionar atendimento especializado a pessoas com deficiência, idosos com
algum grau de dependência e a seus cuidadores/familiares que se encontram em
situação de violações de direitos. De
acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), este serviço está descrito na proteção social
especial de média complexidade, sob a denominação: Serviço de Proteção Social
Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias.
O SEAD é composto por uma dupla técnica (Terapeuta Ocupacional
e Assistente Social), que realiza atendimento domiciliar com o propósito de
acompanhamento dos usuários, por meio de intervenções que têm como foco a proteção social e a
garantia de seus direitos. Para isso, o serviço também possui o apoio técnico especializado
de equipe multiprofissional (Educador Social, Instrutor de Oficina e Assessor
Jurídico), que atua de acordo com as demandas.
Um encaminhamento recorrente do SEAD
é a interlocução com a rede socioassistencial e as demais políticas públicas
setoriais como: a saúde, a educação, a cultura, a habitação, o sistema de
justiça, entre outros serviços que integram o Sistema de Garantia de Direitos
(SGD) do público atendido. Isso ocorre, pois as famílias acompanhadas, em sua
maioria possuem demandas complexas, históricas e estruturais que exigem da
equipe articulações intersetoriais, visando a efetividade das ações.
O Serviço Social e a Terapia Ocupacional – a partir da
perspectiva da Terapia Ocupacional Social - atuam com grupos sociais em
processos de ruptura das redes de suporte, pessoas e coletivos que vivem em
situação de vulnerabilidade social e com dificuldades em ter seus direitos
garantidos. Entendendo o fazer humano e as atividades desenvolvidas pelos
sujeitos dentro desse contexto social, sabe-se que para além do seu fim, as
atividades são elementos organizadores e tecnologias de mediação
socioassistenciais (Denise Dias BARROS; Maria Isabel Garcez GHIRARDI; Roseli
Esquerdo LOPES, 2002). Dessa forma, a Terapia Ocupacional (TO) tem feito uso da
atividade como recurso mediador de diálogo e reflexões com as famílias acompanhadas nos atendimentos
e oficinas domiciliares. Além disso, também são realizados grupos para
familiares e cuidadores no CREAS e nos espaços públicos da cidade, a fim de
potencializar a melhor compreensão das vulnerabilidades sociais –– fenômenos
complexos e multifacetados, que exigem respostas diversificadas, alcançados por
meio do olhar interdisciplinar, qualificando a intervenção realizada.
Nessa perspectiva, a T.O utiliza a atividade como meio para
fortalecimento e criação de vínculos (intrafamiliares, comunitários, técnico x
usuário), compreendendo que através do fazer junto é possível identificar
melhor quais as violações perpassam a vida do sujeito e seu núcleo familiar, sendo
a atividade a facilitadora para a escuta, a ampliação da atuação profissional e
para as intervenções e os encaminhamentos que sejam significativos para a
trajetória de vida e histórico ocupacional dos indivíduos, auxiliando assim na
superação das violações de direitos existentes em cada contexto.
Portanto, a Terapia Ocupacional Social, com seu conhecimento
teórico metodológico, contribui com o SEAD a partir das conexões realizadas
entre sujeito/núcleo familiar e território, atividades de vida diária/instrumentais
de vida diária e o cotidiano dos indivíduos acompanhados, além dos contextos
sócio-políticos sociais que perpassam as vidas acompanhadas e como estes
processos corroboram e potencializam as vulnerabilidades sociais e fragilidades
de vínculo do público atendido (Amabile Teresa de Lima NEVES; Maria Daniela
Corrêa de MACEDO, 2015).
Escrito por:
Gabriela Queiroz Vieira Neves - Terapeuta Ocupacional -
CREAS Maruípe
Elisa Cardoso Kobi -
Terapeuta Ocupacional - CREAS Centro
Carina Texeira de
Almeida - Terapeuta Ocupacional - CREAS Maruípe
Marina Batista - Terapeuta Ocupacional - CREAS Bento
Ferreira
Referências
bibliográficas:
BARROS, Denise Dias; GHIRARDI, Maria
Isabel Garcez.; LOPES, Roseli Esquerdo. Terapia Ocupacional Social. Revista de
Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 13, n. 3, p.95-103,
set./dez. 2002.
NEVES, Amabile Teresa de Lima;
MACEDO, Maria Daniela Corrêa de. A Terapia Ocupacional Social na assistência
social ao idoso: história de vida e produção de significados. Cad. Ter. Ocup.
UFSCar, São Carlos, v. 23, n. 2, p. 403-410, 2015.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução CNAS nº 109 de 11 de
novembro de 2009. Disponível em http://www.mds.gov.br/suas/resolucao-cnas-nº109-2009-tipificacaonacional-de-servicos-socioassistenciais.
Muito interessante este texto sobre a atuação da terapia ocupacional no SEAD! Este serviço é muito importante para a proteção social de idosos e pessoas com deficiências! Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirFeliz que tenha gostado da postagem! Um abraço.
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