“Como (re)ativar o território?”: reflexões sobre o trabalho territorial e comunitário na assistência social a partir de uma comunidade de prática.

 


Descrição de imagem: Fundo da imagem é uma folha de papel quadriculado. Acima, na lateral esquerda, imagem com três livros nas cores amarelo, verde e laranja seguido por uma luminária na cor preta. Na parte superior centralizada, a frase nas cores verde, laranja e branco: "Resumo dos trabalhos apresentados no evento TO.no SUAS Diálogos Contemporâneos". Na parte inferior centralizado o título: “Como (re)ativar o território?”: reflexões sobre o trabalho territorial e comunitário na assistência social a partir de uma comunidade de prática.#Pratodosverem


A pandemia da Covid-19 e seus desdobramentos geraram questionamentos e reflexões sobre processos de trabalho desenvolvidos por profissionais que atuam em serviços territoriais e comunitários, notadamente aqueles que integram a Proteção Social Básica (PSB) do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A partir do encontro com trabalhadoras(es) do SUAS do município de São Carlos, foram comunicadas diversas inquietações perante o contexto vivido, como o sentimento de impotência e sofrimento dessas(es) profissionais frente ao agravamento de situações preexistentes de vulnerabilidade social de muitos sujeitos e grupos sociais, sem uma correspondência de investimento político, social e econômico; após meses de trabalho remoto, perguntavam-se como lidar com demandas represadas e “como (re)ativar o território”. Esse questionamento levou uma equipe universitária, formada por terapeutas ocupacionais, a propor a formação de uma Comunidade de Prática (CoP) junto a equipes de PSB, com vistas a pensar efetivação e/ou aprimoramento do trabalho territorial e comunitário, seus desafios e estratégias de potencialização. Composta por três docentes, duas graduandas e uma pós-graduanda na área de Terapia Ocupacional, como núcleo coordenador/facilitador, e 25 profissionais (nenhum terapeuta ocupacional) entre uma coordenadora dos serviços da PSB, uma coordenadora da Vigilância Socioassistencial, seis supervisoras dos Centros de Referência em Assistência Social do referido município e suas equipes, a CoP esteve reunida por seis meses, em sete encontros, com uma média de 30 participantes. Como aporte teórico-metodológico para o desenvolvimento da CoP e norteando os encontros, foram utilizados conhecimentos produzidos pela Terapia Ocupacional a respeito de práticas territoriais e comunitárias e Educação Popular. Os encontros foram da proposta de acolhimento do grupo de profissionais à problematização em torno do uso do território e da relação comunitária no que diz respeito aos processos de trabalho, passando pela sensibilização e defesa para compreensão dos distintos territórios e sujeitos como potenciais interlocutores no/para o trabalho. Apesar de os/as profissionais revelarem, pelo discurso, compreensão de uma estreita relação com as políticas sociais e econômicas no Brasil, relacionando a crítica sobre a realidade social e a prática profissional, notou-se grande dificuldade de sua parte: em transcender o lugar de sofrimento pessoal decorrente dos processos de trabalho (falta de recursos humanos e materiais para gerir as demandas); em entender os encontros da CoP como processo e carga de trabalho; em se apropriar dos recursos materiais, sociais e culturais dos territórios de sua atuação; e em reconhecer a(s) população(ões) e comunidades como redes de pertencimento e suporte, favorecendo reflexões sobre seus modos de vida, de ação coletiva e colaborativa. Por essa experiência, entende-se o potencial de contribuição da terapia ocupacional na partilha de referenciais para o aprofundamento crítico-reflexivo da compreensão e uso/operacionalização do conceito de território e comunidade no cotidiano de trabalho, de modo que se possam realizar intervenções condizentes com as necessidades sociais e locais/específicas no que tange os contextos de vida e cotidianos dos diferentes grupos sociais e sujeitos vulnerabilizados, pressupondo sua participação ativa na construção de novos conhecimentos a nível de articulação e acesso a direitos.


Texto escrito por:

Martha Morais Minatel - Universidade Federal de São Carlos – UFSCar  
marthaminatel@ufscar.br

Marina Jorge da Silva - Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
marinajorge@ufscar.br

Giovana Garcia Morato - Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
giovanamorato@ufscar.br

Amaranta Úrsula Fiess Leandro – Prefeitura Municipal de São Carlos
amaranta.leandro@saocarlos.sp.gov.br

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