Relato de experiência: a tessitura da rede socioassistencial a partir do trabalho territorial com pessoas em situação de rua em Santos/SP

 


Descrição de imagem: Fundo da imagem é uma folha de papel quadriculado. Acima, na lateral esquerda, imagem com três livros nas cores amarelo, verde e laranja seguido por uma luminária na cor preta. Na parte superior centralizada, a frase nas cores verde, laranja e branco: "Resumo dos trabalhos apresentados no evento TO.no SUAS Diálogos Contemporâneos". Na parte inferior centralizado o título: Relato de experiência: a tessitura da rede socioassistencial a partir do trabalho territorial com pessoas em situação de rua em Santos/SP”: reflexões sobre o trabalho territorial e comunitário na assistência social a partir de uma comunidade de prática.#Pratodosverem


Introdução: As experiências narradas foram vividas por estudantes de Terapia Ocupacional da Unifesp/Baixada Santista, através de um projeto de extensão que objetiva compreender as diferentes formas de uso, circulação e apropriação do espaço público pelas pessoas em situação de rua que habitam o Largo do Mercado. Atualmente, as discussões que envolvem o referido território relacionam-se à revitalização do Mercado Público Municipal e seu impacto direto e violento sobre o viver naquele território, em um processo acelerado de gentrificação.

Naquela região localizam-se serviços socioassistenciais para pessoas em situação de rua, como centro-pop, casas de passagem, abrigo e equipe de abordagem social. A presença de extensionistas no território possibilitou a criação de vínculos com pessoas que fazem daquelas ruas sua vida cotidiana e permitiu identificar situações que demandaram interlocução com serviços voltados a essa população. 

Experiência: orientados pela Terapia Ocupacional Social, pela Educação Popular Freireana e apoiados no conceito de território usado de Milton Santos, semanalmente vai-se ao território para aproximação aos indivíduos/grupos ali presentes, possibilitando momentos de troca, escuta das histórias de vida, fortalecimento dos vínculos, refletindo juntos sobre a ocupação e apropriação dos espaços públicos e o acesso aos direitos sociais. Nas incursões e trocas dialogadas, identificou-se a necessidade de articulação da rede de serviços voltados a essa população, pois relatam frequentemente dificuldades de acesso. De modo geral, a tessitura da rede socioassistencial foi realizada por mobilização dos serviços da proteção social especial da média e alta complexidade e a possibilidade de diálogos e ações conjuntas entre universidade, profissionais e a população supracitada.

Apesar do foco em ações coletivas, algumas pessoas foram acompanhadas singularmente. Em algumas situações como acesso à documentos pessoais, benefícios sociais, busca por acolhimento, ou no acesso à defensoria pública, os estudantes acompanhavam-os na aproximação aos serviços e equipes de referência e teciam a continuidade da atenção junto a estes. Situações mais complexas demandaram, para além dos acompanhamentos e tessituras no sentido de equacionar a condição emergente, que ações intersetoriais fossem construídas a partir do diálogo com os sujeitos e os diferentes atores sociais do território como técnicos dos serviços públicos ou instituições conveniadas, fomentando reflexão acerca da vida nas ruas e acesso aos direitos sociais. 

Dentre as experiências de acompanhamento singular, destaca-se um senhor de 62 anos, acompanhado desde 1º semestre/2021. Compreendendo a complexidade e dinamicidade da vida nas ruas, os extensionistas puderam acompanhar desdobramentos e intercorrências de sua vida. Pelo agravamento de sua condição de saúde, mudanças e rupturas em seu ciclo social, seu contexto de vida se agravou. Com isso, extensionistas e docentes articularam com trabalhadores dos serviços socioassistenciais e saúde uma reunião para dialogar sobre a situação e construir possibilidades conjuntas. 

Reflexão: Tem-se construído junto destas pessoas a compreensão de suas relações com a cidade, os espaços de circulação, as estratégias de sobrevivência, os acessos/não acessos aos recursos daquele território. Avalia-se que, por ser uma experiência de extensão universitária, a mobilização da rede é essencial para a continuidade das ações, efetivação dos direitos sociais e o enfrentamento das violações cotidianas do viver nas ruas.

Autores: Aline Coelho*; Giovanna Trinconi de Godoy*; Guilherme de Vasconcelos Soares Souza*; Júlia Saavedra Azzem*; Larissa Helena Horniche*; Livia Helena Monroe*; Pamela Cristina Bianchi**; Gabriela Pereira Vasters**.

*discentes do curso de Terapia Ocupacional da Unifesp

**docentes do curso de Terapia Ocupacional da Unifesp

Comentários