Conhecendo a equipe TO.noSUAS
Descrição da imagem: No fundo branco está centralizado um
círculo laranja escuro. Dentro do círculo, o contorno na cor preta de 3 pessoas
se abraçando, e acima o título “A equipe TOnoSUAS” em laranja. #PraTodosVerem
Olá, eu sou a Larissa Mazzotti
Santamaria, terapeuta ocupacional e trabalhadora do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS). Desde minha
formação em 2000, trabalho com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa
de liberdade assistida e suas famílias na Organização da Sociedade Civil, o
Centro de Orientação ao Adolescente de Campinas[1]
(COMEC).
O COMEC, realiza o atendimento
das medidas socioeducativas de liberdade assistida e prestação de serviços à
comunidade, por meio de um termo de colaboração com a prefeitura municipal de
Campinas, com gestão do Centro de Referência Especializado de Assistência
Social (CREAS).
Em 2005 com a criação do SUAS e
posteriormente implementação em Campinas, a política de assistência social
reorganizou a oferta dos serviços sociais à população e o COMEC que respondia
ao Estado, vinculou-se ao Município. No campo dos Serviços da Proteção Social Especial
de Média Complexidade, as medidas socioeducativas segundo o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), passam a ser nomeadas de Serviço de Proteção Social a
Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade
Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) e integram-se numa
rede de serviços públicos muito maior, tento como reflexo uma intervenção em
rede com amplitude e pautada na Garantia de Direitos aos adolescentes, jovens e
suas famílias. Ocorreram pactos entre as secretarias da assistência social,
saúde e educação, estabelecendo um protocolo intersetorial de atendimento
socioeducativo ao adolescente em cumprimento de medidas socioeducativas do meio
aberto e fechado.
Os adolescentes são encaminhados
ao COMEC após acolhimento do CREAS, na sequência de sua audiência de aplicação
da medida socioeducativa na Vara da Infância e Juventude de Campinas – Atos
Infracionais e Medidas Socioeducativas, no qual recebem as primeiras
orientações e encaminhamento para comparecimento na unidade do COMEC, para
início ao cumprimento de sua medida em no máximo 15 dias. Quanto ao atendimento
aos adolescentes, jovens e suas familias, sejam eles individuais ou grupais,
seguimos as especificações do plano individual de atendimento (PIA), alicerçado
no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), buscando ampliar o
repertório de cada sujeito, a responsabilização face ao ato infracional
praticado, assegurando-lhe direitos, bem como a reflexão das consequências de
suas escolhas passadas e futuras, constituindo a possibilidade de novos
projetos de vida. Dentre as áreas prioritárias ao atendimento do adolescente e jovem
estão: assistência social, saúde, educação, cidadania e profissionalização. Fomentando,
portanto, a atividade protetiva familiar, para o acompanhamento das demandas
escolares, de saúde, profissionalização, documentação pessoal e organização do
cotidiano dos adolescentes e jovens de forma integral.
Há 10 anos ocupo cargo de gestão
no COMEC, sendo 9 anos na coordenação da LA e atualmente na coordenação geral
da instituição, componho uma equipe multiprofissional de 36 profissionais no
total, alocados em duas unidades.
A partir de 2018, tendo em vista
a necessidade de expandir a compreensão e a intervenção sobre implicações da
inserção de adolescentes e jovens no tráfico de drogas, eu e o psicólogo Leonel
Cabral em parceria com a equipe, desenvolvemos uma estratégia para capacitar
outros profissionais da área sobre trabalho infantil no tráfico de drogas,
nomeado de “Método Cerco”[2].
Trata-se de um conjunto de estratégias baseadas na experiência vivida pelos
adolescentes e jovens, reconhecendo o valor de suas narrativas na composição de
um corpo de conhecimentos sobre uma realidade de difícil acesso para os
profissionais, desenvolvida numa metodologia participativa, por meio de
dinâmicas e interação grupal.
Meus principais objetivos de
atuação enquanto terapeuta ocupacional/coordenadora são propiciar a
constituição de processos humanizados de trabalho entre os trabalhadores da
instituição, fortalecer o trabalho em equipe, realizar monitoramento, avaliação
e qualificação da oferta dos programas e projetos realizados e estimular a
sistematização de conhecimento e realização de pesquisas sobre adolescência,
juventude e trabalho socioeducativo.
Em mais de um ano de pandemia,
muitos aprendizados novos, mudanças e renovações, no qual a única certeza foi
que o trabalho de uma pessoa daria sustentação ao trabalho de todos. O trabalho
virou a casa, e a casa virou o trabalho e tivemos que nos reinventar para
atender aos adolescentes e suas famílias, para mantê-los e nos manter em
segurança. Flexibilidade e criatividade foram e ainda são nossa rotina, para os
desafios do teletrabalho.
Hoje, em tempos pandêmicos,
atender adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto,
está bem longe de ser simples, mas também nos permitiu repensar nossas ações,
reconstruí-las e aprender novas formas de fazer o que fazíamos cotidianamente. Por
fim, com um potencial criativo e estratégias que fortaleceram nosso grupo de
trabalho, fizemos acontecer o atendimento aos adolescentes e suas famílias usando
dos recursos tecnológicos digitais, que garantiram a continuidade de uma escuta
qualificada e a manutenção da Garantia de Direitos Sociais.
Texto escrito por: Larissa
Mazzotti Santamaria
[1]
Conheça mais sobre o COMEC por meio das mídias sociais: www.comec.org.br
e comeccampinas (Youtube, Instagram e Facebook).
[2]
Encontra-se
em andamento o estudo que visa avaliar resultados da aplicação do método e
aprimorá-lo por meio da pesquisa “O cerco do tráfico ilícito de drogas a
adolescentes e jovens: análise de metodologia participativa para a capacitação
de profissionais do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do
Adolescente” no Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em terapia
ocupacional e processos de inclusão social da USP.
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