A atuação de terapeutas ocupacionais na medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade

 


Descrição de imagem: Fundo da imagem é uma folha de papel quadriculado. Acima, na lateral esquerda, imagem com três livros nas cores amarelo, verde e laranja seguido por uma luminária na cor preta. Na parte superior centralizada, a frase nas cores verde, laranja e branco: "Resumo dos trabalhos apresentados no evento TO.no SUAS Diálogos Contemporâneos". Na parte inferior centralizado o título: "A atuação de terapeutas ocupacionais na medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade ." #Pratodosverem


Fonte: Acervo do COMEC

O terapeuta ocupacional compõe a equipe de referência multidisciplinar do serviço e atua diretamente no atendimento deste público em consonância com os demais profissionais das áreas da psicologia, do serviço social e das ciências sociais que agregam diferentes olhares ao trabalho e se complementam com atuação transdisciplinar, com o intuito de ofertar ao adolescente e sua família possibilidades de compreensão de suas demandas. Através da elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA) com o adolescente/jovem e sua família, o terapeuta ocupacional constrói estratégias de intervenções para trabalhar as demandas identificadas, tais como: o fortalecimento dos vínculos familiares, a garantia de direitos, a aproximação com os serviços da rede intersetorial, dentre outras, e sobretudo, o afastamento da prática de atos infracionais.

A escuta qualificada, o investimento no vínculo, a abordagem humanizada e respeitosa na perspectiva da garantia de direitos, são aspectos mediadores desta prática. O terapeuta ocupacional, na função de orientador de medida socioeducativa, busca construir com o adolescente/jovem o Plano Individual de Atendimento (PIA), com atenção para os aspectos da vida cotidiana nas áreas: escolar, profissional, da saúde, das relações familiares, dentre outras, com a finalidade de auxiliar na sua organização e pensar projetos de vida distantes do universo infracional. O saber sobre o cotidiano, como objeto de estudo da Terapia Ocupacional, traz contribuições que enriquecem o PIA do adolescente, bem como a possibilidade de reflexões acerca de suas experiências. Neste sentido, promove atendimentos individuais, grupais, domiciliares e ações em rede que irão favorecer o acompanhamento técnico.

A metodologia grupal possibilita que o adolescente/jovem identifique demandas no seu território, escolha o espaço público o qual deseja desenvolver a prestação de serviços à comunidade e a atividade a ser realizada. Todo o processo é construído coletivamente, de forma que o terapeuta ocupacional seja facilitador desta ação, possibilitando a apreensão de novas técnicas das atividades, bem como a viabilização de reflexões acerca das ações, sobretudo no que se refere aos sentidos atribuídos pelo grupo.        Apoia-se na perspectiva de se oferecer um espaço ao adolescente/jovem no qual ele possa trazer sua história, sentir confiança e valorizar seu potencial, e ainda, permite sua contribuição no grupo e viabiliza a responsabilização por meio da efetivação da PSC.

O conhecimento da terapia ocupacional sobre a potência do grupo colabora com a percepção do adolescente/jovem sobre a possibilidade de transformação de si mesmo e do meio em que vive. Inspirado em GALHEIGO (2012), o trabalho da terapia ocupacional na área social busca alcançar a reflexão crítica e as transformações dos processos sociais.

Durante o processo grupal, é possível notar o desenvolvimento de habilidades, a ampliação de repertório, a troca de experiências, o exercício da empatia, a tomada de decisões, a experimentação de diferentes papéis, além de outros elementos que contribuem para o crescimento do adolescente/jovem. Neste contexto, tal transformação pode ser ampliada para a família e para o território, que muitas vezes o estigmatiza pelo ato infracional.  Por meio das articulações com a rede intersetorial, ressignificar a relação com a escola e/ou refletir sobre as formas de trabalho, são ferramentas para o terapeuta ocupacional pensar as ações e vislumbrar a construção de novos caminhos com os adolescentes e jovens.

 

Referências bibliográficas:

 

COMEC: Uma Trajetória de Trabalho com Adolescentes/COMEC – Centro de Orientação ao Adolescente de Campinas. Santa Bárbara d´Oeste: Gráfica Mundo, 2018. 


GALHEIGO, S. M.
Perspectiva crítica y compleja de terapia ocupacional: actividad, cotidiano, diversidad, justicia social y compromiso ético-político. TOG (A CORUÑA), v. 5, p. 176-187, 2012. Disponível em: http://www.revistatog.com/mono/num5/compromiso.pdf. Acesso em 24 jul. 2022.

 

Acesse a postagem anterior sobre a medida socioeducativa de PSC no COMEC:

https://to-nosuas.blogspot.com/2021/09/medida-socioeducativa-de-prestacao-de.html


Texto escrito por:

Adilaine Juliana Scarano Vedovello, terapeuta ocupacional e coordenadora técnica do programa de Prestação de Serviços à Comunidade no COMEC.

Tâmara Yamagute Rosa, terapeuta ocupacional no programa de Prestação de Serviços à Comunidade no COMEC.

 

 


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