Conhecendo a equipe TOnoSUAS

 


CONHECENDO A EQUIPE TO.NOSUAS

Olá, meu nome é Giovanna. Sou professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), desde 2013. Neste texto, gostaria de partilhar com vocês um pouco da minha trajetória acadêmica, colocando foco nos caminhos que me levaram à atuação no Sistema Único de Assistência Social, também chamado de SUAS.

Realizei a minha graduação em terapia ocupacional de 2007 a 2010, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Até mais ou menos a metade do curso, me envolvi com projetos de diferentes áreas, transitando pela área da saúde mental, desenvolvimento infantil e área social. No último ano do curso, fiquei especialmente interessada pela atuação da Terapia Ocupacional Social e passei a integrar com maior dedicação o Metuia/UFSCar, um laboratório que reúne professoras, pesquisadores, profissionais, estudantes de graduação e de pós-graduação em torno das temáticas da formação, da pesquisa e da atuação nesta subárea.

Aos poucos, fui compreendendo melhor os referenciais teóricos que poderiam embasar as práticas realizadas numa escola pública de um bairro periférico e num Centro da Juventude. O foco se dava nas juventudes que habitavam e frequentavam estes espaços e os seus cotidianos. Trabalhar com as juventudes foi um encantamento instantâneo. Eu gostava do desafio de propor atividades que eles pudessem se interessar, de precisar me reinventar quando as atividades não tivessem êxito, de conhecer aqueles meninos e meninas. Dia após dia, íamos nos aproximando mais, criando vínculos, conhecendo as suas histórias e demandas e pensando em possibilidades para fortalecer suas redes de suporte, construir conjuntamente espaços de sociabilidade e convivência, projetos de vida, dentre outras ações.

Fiquei tão interessada pelo projeto que me enveredei por este caminho no mestrado: a proposta da dissertação consistiu em conhecer as redes de suporte sociais, formais e informais, às quais recorreriam jovens em uso de drogas daquele bairro. Passei a acompanhá-los mais sistematicamente por meio de uma pesquisa etnográfica no Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da UFSCar. Compreender os apoios sociais das pessoas pobres persistiu como um aspecto de interesse para mim. Constantemente me perguntava: Com quem as pessoas naquele território podem contar? A quem recorrem em momentos que precisam de ajuda?

No doutorado, já em Vitória, no Espírito Santo, optei por dar continuidade à temática das drogas no Programa de Pós-Graduação em Política Social da UFES. Vislumbrei neste Programa uma oportunidade de aprofundar o debate sobre as drogas sem necessariamente me comprometer com uma abordagem apenas pelo viés da saúde, uma vez que me manter numa perspectiva mais social do fenômeno me era crucial.

Durante os cinco longos anos de doutoramento, realizei uma série de disciplinas no Programa de Pós-Graduação e fora dele, me defrontei com um referencial teórico marxista que muito contribuiu para alargar as minhas bases teóricas. Essas contribuições foram fundamentais para fortalecer o meu fazer profissional: algumas disciplinas passaram a receber novo referencial, a fundamentação teórica das práticas extensionistas também receberam novos contornos, bem como as pesquisas na Terapia Ocupacional Social. Nos debates realizados pelos docentes do Programa, o SUAS aparecia com frequência por ser uma importante política social que integra a Seguridade Social brasileira.

Naquele momento eu já estava envolvida com projetos de extensão no Metuia/UFES, criado em 2014 junto a outros dois professores da área social. Nossos projetos, ao longo do tempo, foram diferentes, por vezes focado na juventude pobre e negra, buscando atuar em situações de violência e opressão, traçando possibilidades para o fortalecimento das redes sociais de suporte e acesso aos direitos destes jovens, ainda que com todas as limitações postas pela sociedade capitalista, machista e racista. Foi então que, a partir dos debates vivenciados nas disciplinas do doutorado, fui tomando maior interesse por focar as minhas práticas extensionistas no SUAS.

Essa escolha, além de ter sido direcionada pelo interesse pessoal, também se justificou por uma demanda profissional no estado, uma vez que, cotidianamente, se colocava a necessidade de avanço da terapia ocupacional no SUAS, sendo necessário divulgar as competências profissionais e tornando possível a inserção de terapeutas ocupacionais em cada vez mais equipamentos socioassistenciais. Tal preocupação se colocava na posição que eu ocupei durante os anos 2016 e 2017 e na qual me encontro novamente: a coordenação de estágio.

Assim, realizei no ano de 2016, com a colaboração de uma técnica administrativa em terapia ocupacional, uma parceria com o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Maruípe, pertencente a mesma região onde fica a universidade. Neste espaço, desenvolvemos ações com a população idosa, mas também com os jovens, que nunca deixaram de ser um público de interesse na minha trajetória.

Dessa maneira, foi possível aliar o conhecimento adquirido com as juventudes no Metuia/UFSCar, onde tudo começou, e também o conhecimento adquirido durante o doutorado, com um referencial teórico importante sobre a questão social e as suas expressões. Sigo acompanhada de outras terapeutas ocupacionais, de alunas da graduação e de profissionais e usuários deste equipamento, conhecendo os limites e as possibilidades que o SUAS tem a oferecer como política social em toda a sua contradição.

Texto escrito por: Giovanna Bardi

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