Terapia Ocupacional Social
Muitas(os)
terapeutas ocupacionais trabalhadoras(es) do SUAS dizem que há poucos
referenciais disponíveis que possam utilizar para embasar suas atuações na
assistência social. Escrevemos este post para ressaltar que os
referenciais teórico-metodológicos da Terapia Ocupacional Social podem
contribuir diretamente para o trabalho na assistência social, embora seja
importante assinalar que esta subárea não se dedica “apenas” a este setor.
A Terapia
Ocupacional Social objetiva o desenvolvimento de ações com sujeitos,
individuais e coletivos, na busca de processos de emancipação e autonomia, para
quem, em função de sua posição social, marcada pela questão socioeconômica, tenha
dificuldades para participação na vida social. Acredita-se que a(o) terapeuta
ocupacional possa mediar ações nos cotidianos dos sujeitos com o intuito de criar
estratégias conjuntas de ampliação de oportunidades, em contextos marcados pelas
desigualdades sociais. Foca-se na questão social como elemento central do
trabalho terapêutico-ocupacional.
Tal
contexto de atuação está presente na assistência social, na educação, na
cultura, na justiça, em algumas dimensões sobre o trabalho e, a depender das
problemáticas e enfoque, também na saúde. Desta forma, a Terapia Ocupacional
Social pode ser compreendida como uma abordagem teórica e metodológica para o
desenvolvimento de ações profissionais.
Importante
destacar que não se trata de um “novo” campo, pois é histórica no Brasil a
presença de profissionais frente a populações nas quais a centralidade da ação
não estava/não está no interior das demandas relacionadas à saúde e doença, mas
sim nos fatores socioeconômicos; tendo registros de relatos sobre tais atuações
desde o final dos anos de 1970, no início da institucionalização da profissão
no Brasil. A Terapia Ocupacional Social propõe o desenvolvimento de tecnologias
de cuidado próprias voltadas à dimensão social da vida.
Voltando-se,
então, à questão social, é necessária a utilização de um outro vocabulário,
diferente daquele tradicionalmente aplicado ao setor saúde, para a nomeação de
ações terapêutico-ocupacionais que não são clínicas, de tratamento, tampouco
voltadas à promoção, prevenção ou reabilitação. É preciso reconhecer que os
aportes advindos do campo da saúde são insuficientes, quando não inadequados,
para a constituição de um referencial teórico-metodológico que foque
centralmente na dimensão social. Propomos recursos e tecnologias sociais em
terapia ocupacional que se voltem especificamente às ações sociais, como
apresentado em post anterior, os quais lançam mão do
objetivo em terapia ocupacional de promoção de participação e inserção sociais,
com intervenções ocorridas nos/a partir dos cotidianos dos sujeitos, em suas
dimensões individual e coletiva.
Convidamos
a todas(os) para visitarem e revisitarem os materiais da Terapia Ocupacional
Social, sendo que destacamos aqui o livro, que apresenta discussões
teóricas e exemplos práticos de intervenções. Aqui no blog também dispomos de
uma lista de materiais de apoio que, mesmo que não debatam
diretamente sobre o SUAS, acreditamos que possam ofertar embasamentos que
auxiliem o trabalho de terapeutas ocupacionais em diferentes níveis de atuação na
assistência social.
Esperamos
que a Terapia Ocupacional Social possa continuar seu desenvolvimento,
informando práticas profissionais, aprendendo com elas e contribuindo para
ações mais efetivas e verdadeiramente direcionadas à questão social, na busca
pela maior participação e inserção sociais de diversos grupos, mesmo em um
contexto de tanta desigualdade estabelecida, como o que vivemos.
Boas
leituras a todas(os)!
Texto escrito por: Ana Paula
Malfitano
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